De Certeau em uso

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Nunca é demais lembrar o caráter plural da obra de Michel de Certeau (1925 -1986), que desafia classificações preestabelecidas, bem como o seu perfil múltiplo, construído em função de inserções em grupos diversos e do cruzamento, muitas vezes improvável, de disciplinas e perspectivas. Jesuíta e historiador; antropólogo e teórico da linguagem; erudito e militante político empenhado: todas essas designações jogam luz sobre aspectos de sua atividade, mostrando-se, ao mesmo tempo, sempre insuficientes. Não por acaso os estudiosos de sua obra insistem na imagem do “homem de fronteira”, aquele que transita entre saberes e instituições, ao mesmo tempo dentro e fora de cada um deles, em função do exercício permanente de uma perspectiva crítica, que perturba e desestabiliza trilhas consolidadas.

Nos próximos dias 19, 20 e 21 de setembro acontecerá em São Paulo o Colóquio Michel De Certeau [em uso], dedicado ao autor e organizado pelo Coletivo ASA, com apoio do Departamento de Antropologia, do PPGAS – USP  e da FAPESP. O colóquio tem como objetivo reunir pesquisadores de diferentes áreas e instituições, nacionais e internacionais, de modo a lançar uma reflexão circunstanciada sobre os alcances da ampla produção do autor, que oferece sugestões fundamentais para diferentes domínios: história, antropologia, psicanálise, educação, linguística, arquitetura e urbanismo, geografia, entre outras. Vale destacar as ressonâncias de suas ideias para fora dos limites universitários, fundamentalmente, nos campos das artes e da política, que o evento busca também contemplar, contribuindo para pensar, com a ajuda do autor, as relações entre a produção acadêmica e as dimensões mais amplas da vida social .

O encontro compreende uma conferência de abertura proferida por Luce Giard – coautora do segundo volume de A Invenção do Cotidiano (1980), depositária e editora dos escritos de Certeau –, seguida de quatro sessões de debate entre pesquisadores, convidados nacionais e internacionais de diversas áreas, voltados a pensar os usos e repercussões das obras, conceitos e procedimentos do autor em diferentes domínios.

Trata-se de promover, entre os convidados e com o público, encontros que explorem possibilidades abertas pelo seu pensamento. Portanto, o formato escolhido não é o de um grande congresso que visa traçar panoramas, mas de um colóquio cuja dinâmica aproxima-se àquela de um ateliê de trabalho, reunindo investigadores interessados em pensar Michel de Certeau e, com Michel de Certeau, teorias e métodos, assim como problemas e questões contemporâneas.

O programa completo do colóquio está disponível no blog do ASA.

Imagem: Desenho/Colagem (2015) de Eduardo Vaz

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