História do futuro

Uma das formas de se encarar o tempo é pensá-lo enquanto um fenômeno social. Nesse sentido, é possível procurar, em cada situação histórica, a especificidade da experiência do tempo. O padre Antônio Vieira, por exemplo, entendia que a história era cíclica. Por isso, para o jesuíta, observar o passado era uma lição sobre o futuro – ele acreditava ser previsível que, por ter havido quatro grandes impérios na antiguidade, um quinto estaria no horizonte, e seria comandado pelos portugueses.

Para quem acredita na história como progresso, como Karl Marx, o passado é visto como algo a ser superado. O futuro não necessariamente é claro no horizonte, mas certamente é melhor, porque a humanidade caminharia sempre em direção à superação de suas dificuldades.

Já aqueles que creem na decadência como o sentido da história, geralmente veem o passado como uma época de ouro, mas impossível de ser recuperada, enquanto o futuro seria marcado por caos e desespero. Parte do discurso ambientalista dos dias guarda afinidade com esse “decadentismo”.

Esses exemplos são breves ilustrações de diferentes concepções de tempo que articulam passados e futuros em função de interesses presentes. Além disso, todos eles apontam para um conjunto de estratégias que os agentes históricos, em cada uma dessas situações, poderiam ter tomado em função do futuro que eles acreditavam estar desenhado em seus respectivos horizontes.

A Revista Vernáculo propõe essas questões como eixo de seu próximo volume: está aberta a chamada a trabalhos de pesquisadoras e pesquisadores que discutam as experiências sociais do tempo, sobretudo do futuro. O Dossiê História e Futuro se pretende como um espaço aberto a diferentes perspectivas teóricas e metodológicas que se proponham a debater dois grandes temas: experiências históricas do tempo social; e problemas teóricos do uso da História para discutir, planejar e construir o nosso próprio futuro.

Os organizadores do dossiê, Fábio Andrioni e Bruno Zorek, convidam as pessoas interessadas em estudos sobre temporalidade a colaborarem com este projeto, enviando artigos para o próximo volume da Revista Vernáculo até 30 de junho de 2016.